Actualité
Appels à contributions
Novos olhares sobre o teatro de Portugal: do Terremoto ao Regicídio

Novos olhares sobre o teatro de Portugal: do Terremoto ao Regicídio

Publié le par Marc Escola (Source : Daniel Polleti)

O evento ocorrerá em 25 e 26 de junho de 2025, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Inscrições até: 15 de abril de 2025.

Contato: novosolharesteatroportugal@gmail.com

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1WgifZt_fdxPdpB_cQhzikK1E8pQXqjGpB4pOE1vOASA/edit?ts=678e2d89

Chamada:

Nem barrocos, nem modernistas. O período que compreende os movimentos árcade, romântico e realista, ou seja, da segunda metade do século XVIII ao início do século XX, abarca um conjunto de visões estético-teatrais diversas, mas calcadas num mesmo arcabouço de pensamento, que discute o passado e ecoa no futuro do teatro português. Para pensar este período, faz-se necessário se transportar à construção do imaginário do que significa o adjetivo “português” e seus intercâmbios velados ou revelados com outras culturas.

De fato, o teatro era um elemento central de toda a vida social e mesmo política – como disse Almeida Garrett, “o teatro é um grande meio de civilização, mas não prospera onde a não há.” Local onde a sociedade se encontrava para ver e ser vista, o teatro era considerado um elemento central da identidade nacional, índice do nível da “civilização” do país, ao mesmo tempo que deveria cumprir uma função educativa – “civilizatória” – junto à população. Principal lugar de sociabilidade urbana, a sala de espetáculo era um vetor fundamental de difusão de ideias e normas de comportamento, contribuindo fortemente para a formação da opinião pública tanto em seus aspectos mais importantes, como as grandes ideias políticas que marcaram os principais momentos da história nacional, como nos mais triviais, tal qual a moda e o comportamento.

No entanto, é preciso ter em conta também as trocas e as redes de circulação nas quais o teatro português estava inserido. Se, por um lado, construir um “teatro nacional” era uma missão típica do século XIX, que não se restringe a Portugal e acompanha a ascensão do estado-nação como quadro político e cultural paradigmático; por outro, o crescimento da circulação de artistas e impressos graças às melhorias nas tecnologias de comunicação e locomoção aponta para a criação de uma cultura transnacional e produz efeitos de dominação entre nações mais e menos dotadas simbolicamente. Portugal ocupava uma posição ambígua: ao mesmo tempo um país secundário na Europa e sujeito à dominação francesa, ele exercia uma forma de dominação sobre o Brasil.

Enfim, trata-se do período da longa gestação do que poderíamos chamar de “teatro moderno”. Por um lado, o período é marcado por uma crescente profissionalização de artistas e outros trabalhadores do espetáculo – cujo alvará de 1771 do Marquês de Pombal pode ser visto com um momento inicial –  e pelo desenvolvimento de companhias teatrais que cada vez mais assumem o caráter de uma empresa. Por outro lado, as inovações românticas romperam com as regras do teatro clássico, abrindo o caminho para as sucessivas renovações estéticas que marcaram o século XIX até o aparecimento das vanguardas no começo do século XX. Como resultado desses dois processos, observamos uma multiplicação dos gêneros ao longo de todo o período, fenômeno que encontra um paralelo no aumento e segmentação crescente do público. E, correndo em paralelo, não se pode deixar de também ressaltar um teatro popular nem sempre alinhado aos expoentes da cena erudita circulante em Portugal.

Esta jornada de estudos propõe reunir estudiosos do teatro português desse longo período entre o “clássico” e o “moderno” e oferecer um panorama das pesquisas mais recentes neste campo. Propostas sobre todos  os gêneros dramáticos ou dimensões do espetáculo teatral são bem-vindas. Estudos comparativos entre Portugal e outros países são igualmente desejados.   

Uma lista não exaustiva de assuntos que podem ser tratados inclui:

- Teatro e nação: a ideia de um “teatro nacional” em Portugal;

- Teatro e política: a cena como palanque;

- Teatro e sociedade: difusão de ideias e normas de comportamento;

- Teatro e poder público: políticas públicas para o teatro, censura;

- Portugal nas redes de circulação internacionais do teatro: transferências culturais e a recepção de artistas e repertórios estrangeiros;

- O teatro português no Brasil e nas colônias;

- Teatro e imprensa;

- Historiografia do teatro português;

- O teatro, a literatura e a história portugueses lidos no teatro do período;

- Releituras do teatro do período nos séculos XX e XXI / Releituras do teatro clássico no século XIX;

- Novos gêneros, hibridizações;

- O teatro e seu público;

- Dramaturgia: novas leituras da produção cênica portuguesa;

- Espaços cênicos, salas, edifícios teatrais;

- O teatro amador em Portugal;

- Os trabalhadores do teatro: atores, empresários, críticos, músicos, corpo técnico.