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Appels à contributions
Le parcours dans les arts et les littératures lusophones

Le parcours dans les arts et les littératures lusophones

Publié le par Perrine Coudurier (Source : Université Toulouse Le Mirail)

Le parcours dans les arts et les littératures lusophones

Pour son deuxième numéro, la revue Reflexos lance un appel à contribution sur la thématique suivante : le parcours, dans les arts et littératures lusophones.

La notion de parcours, «chemin pour aller d’un point à un autre» (Le Petit Robert), relève de la seule initiative de l’individu, auteur donc de son déplacement et non simple acteur de ce dernier. Pris dans une dynamique à la fois individuelle et collective, ce cheminement implique nécessairement un déplacement spatial et/ou psychique qui prend racine dans le passé et tend à se tourner vers l’avenir. Dans un sens plus concret, ce déplacement spatial peut s’effectuer à l’intérieur d’un même espace (chambre, maison, ville, pays, continent), entre deux lieux géographiques (campagne/ville, pays, continents) ou combiner plusieurs perspectives. Au sens abstrait, ce parcours peut relever d’un registre psychique impliquant une évolution ou une régression intérieure. Il peut également revêtir la forme d’une démarche collective ainsi que d’une évolution à l’intérieur d’un mouvement culturel, littéraire, artistique. À ce titre, le parcours littéraire de Vergílio Ferreira est emblématique, si l’on suit José Gavilanes Laso  qui identifie trois phases dans le travail romanesque de l’écrivain portugais. « Une première intimiste, clairement perceptible dans son premier roman, O Caminho Fica Longe, et que l’on associe […] à la revue Presença. Une deuxième phase d’incursion dans le néo-réalisme […] à laquelle Vergílio Ferreira adhère dès la fin de l’œuvre citée précédemment jusqu’au milieu des années 1950, tout en la contestant et en la dépassant. Une troisième phase de préoccupations métaphysiques, possédant une assise culturelle autochtone, engagées dans des littératures et des philosophies existentialistes de l’après-guerre, dont nous pouvons situer le commencement au début des années 1960 »
(Gavilanes Laso, Vergílio Ferreira, espaço simbólico e metafísico, Lisboa, D. Quixote, 1989, p. 48). Dans le domaine de la littérature mozambicaine, Virgílio de Lemos (1929-), selon Patrick Quillier, note «qu’entre 1981 et 1991 la poésie mozambicaine s’était en quelque sorte libérée», étant à l’origine d’une “génération de l’espérance et de l’utopie”». Virgílio de Lemos juge que durant ces années «les poètes semblent s’être libérés de l’idéologie “marxiste-léniniste” et de la poésie dite de “combat”, tant encensée par les intellectuels du régime. Par réaction, peut-être, ils tendent aujourd’hui vers une poésie plus ambivalente, plus secrète et plus subjective, se retournant vers l’homme, cet être déchiré, fragile et fragilisé. » (Quillier, « L’écoute sensible dans la poésie mozambicaine contemporaine», Revue de littérature comparée 4/2011 (n° 340), p. 435-436. URL : www.cairn.info/revue-de-litterature-comparee-2011-4-page-434.htlm) Au Brésil, par exemple, l’évolution esthétique du cinéaste Carlos Diegues montre que son œuvre s’enracine dans le Cinema novo (Ganga Zumba, 1963) pour évoluer ensuite vers une certaine « qualité brésilienne » (Xica da Silva, 1976). Il serait également pertinent de s’interroger sur les déambulations spatiales du réalisateur Walter Salles à travers le territoire brésilien (Central do Brasil, 1998), latino-américain (Diários de Motocicleta, 2003), européen (Terra Estrangeira, 1995) ou nord américain (On The Road, 2012).

En somme, il s’agira dans ce numéro de mettre l’accent sur le caractère dynamique de la notion de parcours (trajets, trajectoires, voyages, formations, immigrations) dans l’aire lusophone, indépendamment des genres littéraires, cinématographiques, picturaux et/ou des formes poétiques sur lesquels porteront les propositions d’article. Les brèves indications ci-dessus constituent des pistes de réflexion qui ne demandent qu’à être enrichies et approfondies. Les textes, rédigés en langue portugaise, française, espagnole ou anglaise, devront parvenir avant le 15 avril 2013 (délai de rigueur) à Marc Gruas à l’adresse suivante : marc.gruas@univ-tlse2.fr Ils seront soumis à une double expertise « en aveugle » effectuée par deux membres du comité scientifique de la revue Reflexos (http://blogs.univ-tlse2.fr/reflexos/comite-scientifique/)

Les propositions respecteront obligatoirement la structure suivante :

– l’article – exclusivement en format Word respectant scrupuleusement les normes de publication retenues par le comité de rédaction de la revue Reflexos et consultables à l’adresse suivante : http://blogs.univ-tlse2.fr/reflexos/normes-de-publication/ 

– ne pourra excéder 40 000 caractères ;

– un résumé de cinq à dix lignes accompagné de cinq mots-clés ;

– le texte de l’article doit être accompagné d’un document Word séparé permettant l’identification de l’auteur ou des auteurs : rappel du titre de la proposition, nom(s), prénom(s), affiliation(s), adresse(s) professionnelle(s) et adresse(s) électronique(s).

APELO A CONTRIBUTOS/CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO

Revista Reflexos n º 2 – Revista pluridisciplinar do mundo lusófono da Universidade de Toulouse II – Le Mirail – França

No âmbito do seu segundo número, Reflexos lança um apelo a contributos/uma chamada para publicação sobre a seguinte temática: o percurso nas Artes e Literaturas Lusófonas.

A noção de percurso, «caminho a percorrer entre um lugar e outro (Le Petit Robert), relaciona-se apenas com a iniciativa do indíviduo, consequentemente autor da sua deslocação e não apenas simples actor desta última. Considerada numa dinámica simultaneamente individual e colectiva, tal deambulação implica necessariamente uma deslocação espacial e/ou psíquica que se enraiza no passado e se projecta tendencialmente no futuro. Num sentido mais concreto, essa deslocação espacial pode efectuar-se no interior de um mesmo espaço (quarto, casa, cidade, país, continente), entre dois espaços geográficos (campo/cidade, países, continentes) ou combinar várias perspectivas. Num sentido abstracto, essa deslocação pode remeter para o domínio psíquico, implicando uma evolução no interior de um movimento cultural, literário, artístico. A este título, o percurso de Vergílio Ferreira é emblemático na perspectiva de José Gavilanes Laso, este último identificando três fases na obra romanesca do escritor português. «Uma primeira fase, intimista, claramente perceptível no seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe, e que se associa em Portugal […] à revista Presença. Uma segunda fase de incursão no neo-realismo […] a que Vergílio Ferreira adere desde o final da obra atrás mencionada até meados dos anos 50, embora contestando-o e superando-o mesmo. Uma terceira fase de preocupações metafísicas, com fundo cultural autóctone ou implicadas nas literaturas e filosofias existencialistas do pós-guerra, cujo começo podemos fixar no início dos anos 60.» (Gavilanes Laso, Vergílio Ferreira, espaço simbólico e metafísico, Lisboa, D. Quixote, 1989, p. 48). No âmbito da literatura moçambicana, Patrick Quillier refere-se a Vírgilio de Lemos (1929 – ), de acordo com o qual «entre 1981 e 1991, de algum modo, a poesia moçambicana libertara-se», originando «uma geração de esperança e de utopia». Vírgilio de Lemos considera que ao longo desse período «os poetas parecem ter-se libertado da ideologia marxista-leninista e da poesia chamada de “combate”, tão venerada pelos intelectuais do regime. Reactivamente, tendem talvez hoje para uma poesia mais ambivalente, mais confidencial e mais subjectiva, recentrando-se no homem, esse ser destroçado, frágil e fragilizado.» (Quillier, «L’écoute sensible dans la poésie mozambicaine contemporaine», Revue de littérature comparée 4/2011 (n° 340), p. 435-436. URL : www.cairn.info/revue-de-litterature-comparee-2011-4-page-434.htlm). A título de exemplo, no Brasil, a evolução estética do cineasta/diretor Carlos Diegues mostra que a sua obra se enraiza no Cinema Novo (Ganga Zumba, 1963) para evoluir em seguida para uma certa “qualidade brasileira” (Xica da Silva, 1976). Seria igualmente pertinente reflectir sobre as deambulações espaciais do realizador Walter Salles no interior do território brasileiro (Central do Brasil, 1998), latino-americano (Diários de Motocicleta, 2003), europeu (Terra Estrangeira, 1995) ou ainda norte-americano (On The Road, 2012).

Em suma, tratar-se-á neste número de sublinhar o carácter dinâmico da noção de percurso (trajectos, trajectórias, viagens, formações, imigrações) na área lusófona, independentemente dos géneros literários, cinematográficos, picturais e/ou das formas poéticas sobre os quais incidirão as propostas de artigo. As breves indicações acima apresentadas constituem pistas para reflexão e serão obviamente sujeitas a enriquecimento e aprofundamento. As propostas de artigo, redigidas em português, francês, espanhol ou inglês, deverão ser enviadas antes do dia 15 de Abril de 2013 (pede-se o favor de se respeitar a data-limite) para Marc Gruas marc.gruas@univ-tlse2.fr. As propostas de contributos serão submetidas, sob forma de anonimato, a uma dupla avaliação efectuada por dois membros do Comité Científico da revista Reflexos. Cf. http://blogs.univ-tlse2.fr/reflexos/comite-scientifique/. As propostas de contributos respeitarão a seguinte estrutura: – o texto do artigo exclusivamente em formato Word e respeitando rigorosamente as normas de publicação definidas pelo Comité de Redacção e consultáveis no seguinte endereço: http://blogs.univ-tlse2.fr/reflexos/normes-de-publication/; o texto não pode ultrapassar 40 000 caracteres; – resumo de 5 a 10 linhas; – cinco palavras-chave; – o texto do artigo deve ser acompanhado por um documento em formato Word, em anexo, que permitirá identificar o autor ou os autores e em que constarão as seguintes indicações: título do artigo; apelido(s)/sobrenome(s) e nome(s) do(s) autor(es), instituição/ões, endereço(s) profissional/ais e endereço(s) eletrónico(s) do(s) autor(es).